Dezova, expo de Fernando Augusto Lima continua na Torre Malakoff


Foto de Eric Barros

A mostra aborda de forma poética questões da violência urbana 
e duplicidade da vida e morte


DEZOVA é a mais nova exposição individual de arte contemporânea do artista plástico Fernando Augusto Lima, que traz para debate, de forma poética, questões da violência urbana entrelaçadas em nosso cotidiano. A expo estreou em março na Galeria Mestre Galdino – Sesc de Caruaru e agora está no Recife, na Torre Malakoff – Recife Antigo. A mostra conta com um conjunto de 40 fotos, vídeo e objetos em uma instalação que se debruça nos paradoxos do abandono, da vida e morte. 
Se por um lado, desovar é ato de criação de vida que tantos seres executam a fim de reproduzir a espécie, também é, por vezes, ação de rejeite, descarte e análogo à morte. Palavra usada com frequência para designar crimes que envolvem abandonos de carros ou bens roubados e violentados de algum modo.

Foi por transitar nesse cenário regularmente, em uma estrada de contínua desova de carros roubados, na BR 408 (trecho que aproxima e divide os municípios do Recife e de São Lourenço da Mata) e tornar-se testemunha involuntária desse recorrente ritual, que Fernando Augusto decidiu transformá-lo, contrapondo-se ao sentido de extermínio do ato da desova e inserindo onde pouco resta, a lembrança de que nada de fato acabou.
 A mostra é composta por três partes. A primeira delas é formada pelo registro fotográfico de dez ações nas quais o artista identifica um carro carbonizado e insere em sua estrutura inutilizável, uma dezena de ovos que evocam o contraste entre os significados da palavra desova, aliviando a ideia quase exclusiva de apagamento e de morte. Trazendo de volta o sentido vital e primeiro associado ao ato da desova. É do número de repetições do mesmo gesto e da quantidade de ovos depositados no que restou daqueles carros, que deriva a grafia inventada do título dado aos trabalhos, “Dezova“.
O projeto ainda é complementado por mais duas ações. Um vídeo onde o artista reencena o processo da “desova”, do abandono e da falta de gerenciamento das cidades, mostrando de forma ficcional o que acontece na realidade. E por fim, uma instalação que reproduz na sala de exposição, uma chocadeira de ovos e um pinteiro em processo de germinação, que propõe reforçar o debate da vida versus morte.
Fernando acumula diversas experiências em sua trajetória de artista plástico, com várias exposições coletivas e individuais em diversos países à exemplo de Cuba e Argentina. Foi ganhador do Prêmio de Arte Mural – Salão de Arte Contemporânea de Pernambuco e do Concurso de Gravuras – Centro Cultural Brasil / Espanha, Recife. Entre outros trabalhos, em 2002 e 2005 criou e coordenou o SPA das Artes – Semana das Artes Visuais do Recife.

DEZOVA é a 11º individual de Fernando Augusto. O projeto tem incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, através do Funcultura e é uma realização de Guilherme l. F. Patriota (Theia Produtores Associados).

A exposição fica em cartaz até o dia 08 de outubro, na Malakoff, com visitação de terça a domingo, na Sala Acir Lacerda, piso térreo, com entrada gratuita.

 Serviço: 
DEZOVA
Exposição individual de Fernando Augusto

Sala Alcir Lacerda / Torre de Malakoff – Recife – PE, Praça Artur Oscar, S/N, Bairro do Recife
Visitação: até 08 de outubro de 2017, de terça a sexta: 10h às  17h, sábados: 15h às 18h e domingos: 15h às 19h

Agendamentos para visitas guiadas e informações:(81) 3184.3180
Incentivo: Governo do Estado de Pernambuco / Funcultura
Realização: Guilherme I. F. Patriota (Theia Produtores Associados)
Informações:  (81) 9 3721.3967 / 9 9176.0537
Entrada Gratuita


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