Tradição e espetáculo na primeira noite das finais do Festival de Quadrilhas


O público lotou as arquibancadas do ginásio da Secretaria Estadual de Educação, no bairro da Várzea, nesta quinta-feira (27), para a primeira noite das finais do 29º Festival de Quadrilhas Juninas, promovido pela Prefeitura do Recife. Apresentaram-se as quadrilhas Raio de Sol (Águas Compridas), Tradição (Morro da Conceição), Lumiar (Pina), Zabumba (Camaragibe), Terror do Alto (Moreno) e Traque de Massa (Águas Compridas). A campeã será conhecida nesta sexta-feira (28), na segunda e última noite de apresentação das finalistas do Grupo 1.

Na plateia, além do público em geral, muitos familiares e amigos dos quadrilheiros, como a estudante de enfermagem Eloína Ângela, de 21 anos. Moradora do bairro de Beberibe, ela fez parte da quadrilha Raio de Sol de 2006 a 2010, mas nos últimos anos teve que se afastar em razão dos compromissos com a faculdade. "Sinto muita falta, mas espero voltar no próximo ano, quando termino o curso", disse, vestida com a jaqueta da quadrilha. Atual campeã, a Raio de Sol apresentou-se este ano com 120 integrantes e o tema: "Bumba meu boi bumbá, pra contar e pra dançar".

Eloína conta que os ensaios para o São João começam entre os meses de setembro e outubro. No período junino, a Raio de Sol chega a fazer mais de 50 apresentações. "Quanto mais a quadrilha ganha, mais dança", diz ela, que, na primeira noite das finais, não assistiu a todas as concorrentes porque ainda acompanharia a Raio de Sol em outros dois arraiais pela cidade.

RAIZ SOCIAL - O coordenador do concurso, Albemar Araújo, destaca que o apoio do poder municipal às quadrilhas permite que os grupos adquiram uma estrutura cada vez mais profissional. "A Prefeitura não mantém uma política cultural de eventos, mas uma ação cultural. Nós fazemos seminários com as quadrilhas regularmente", diz. Segundo ele, isso faz com que o Recife tenha um "movimento quadrilheiro" de forte raiz social, estimulando o envolvimento de muitas comunidades.

Sobre o processo histórico de estilização e recriação das quadrilhas, Albemar observa que, "hoje, a quadrilha não é mais matuta, é junina". "Atualmente, ela usa o coco, a embolada, o maracatu; incorporou outros elementos da cultura popular", diz. De acordo com ele, quando comparado com outros estados nordestinos, as quadrilhas no Recife apresentam aspectos cênicos mais destacados, com roteiros mais elaborados e melhor desenvolvimento dos temas.

Nas apresentações do Festival, as quadrilhas são avaliadas por 14 jurados, dois para cada um dos seguintes quesitos: casamento, conjunto, marcador, figurino, tema e música. O pesquisador de cultura popular e professor de história Antônio Fernando participa há 13 anos de comissões julgadoras em festivais de quadrilha. Como avaliador do quesito conjunto, ele explica que se preocupa em ter uma visão geral do espetáculo. "Eu avalio a interface de todos os elementos com o tema proposto. Hoje a quadrilha resguarda a tradição, porém com uma concepção de espetáculo", resume.

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