Cine PE: a produção de cinema no País e homenagem ao Cineasta dos Vencidos


                                                                                                 
Silvio Tendler. Foto: Guilherme Menezes
A coletiva do Cine PE, que ocorreu na manhã desta segunda-feira (29), no Hotel Internacional Palace, foi realizada com os diretores que participaram da programação do domingo (28), passando pelas categorias: curta – metragem, longa – metragem e grande homenageado. A conversa foi como um panorama do cinema alternativo, com a presença de diretores iniciantes e de longa história, e discussões que envolveram das produções mais leves àquelas que tratam sobre temas graves, como a ditadura.  

O evento começou com os autores dos curtas George Damiani (Cadê meu Rango), Evandro Rogers (O Contratadores), Amir Admoni (Linear), Jo Serfaty e Mariana Kaufman (Confete) e a única pernambucana, Sandra Ribeiro (Yara); só estiveram ausentes, Marcos Carvalho e Edineia Campos, de Entre, Lua, a Casa é Sua.  Os diretores  comentaram como era participar do Cine PE e responderam sobre como era fazer cinema em cada uma de suas regiões. Sobre o questionamento de qual é o espaço para o cinema alternativo no País, os entrevistados foram unânimes na resposta: os festivais. Disseram também que as produções, na maior parte das vezes, acabavam saindo do próprio bolso e que deveria haver mais espaço em outras áreas, como na TV. Damiani, diretor do curta de animação Cadê meu Rango, sua primeira obra e também seu projeto de conclusão de curso, comenta: “Cine PE é um dos maiores festivais de cinema do País e é ótimo participar do evento pela valorização da sua obra, conceitual e publicamente. Outra coisa que eu gostei foi que consideram animação como filme, não há muito essa divisão no festival”.

Depois da conversa com os diretores dos curtas, foi a vez do Celso Sabadin e companheiros de equipe entrarem para defender o longa – metragem / documentário, Mazzaropi. Defender num sentido mais literal da palavra, porque foi o momento em que mais críticos entraram e fizeram várias observações ao filme, as quais Sabadin as tomou de bom grado e explicou que era seu primeiro trabalho no cinema e que, por isso, toda crítica era bem-vinda. Por outro lado, os presentes elogiaram a forma de informações que poderiam ser dadas como invasivas, por exemplo, a homossexualidade de Mazzaropi, que foi transmitida com naturalidade e de forma muito humana. “Já houve vários projetos de conclusão de curso falando sobre o diretor humorista, livros e outras produções que falam do Mazzaropi, algumas até muito boas. Porém, eu sentia falta de uma produção em cinema falando sobre este sujeito, que é tão significativo no cinema brasileiro. Eu quis preencher essa lacuna.” O momento também foi propício para debater sobre o humor de hoje em relação ao que Mazzaropi fazia, ou seja, ele tocava em vários pontos sociais na figura de um caipira.

Ao fim da programação, o Grande Homenageado do domingo, Silvio Tendler, diretor também conhecido como o Cineasta dos Vencidos, entra de cadeira de rodas trazendo um ar de respeito e comoção aos presentes. O diretor detentor das três maiores bilheterias de documentários na história do cinema brasileiro (O Mundo Mágico dos Trapalhões com 1 milhão e 800 mil espectadores,  Jango com 1 milhão de espectadores e Anos JK  com 800 mil espectadores),  finaliza falando sobre suas experiências fazendo documentários polêmicos ainda em período de ditadura e sobre sua visão em relação ao momento atual do cinema brasileiro. “A contabilidade de audiência deveria ser em todas as esferas; seja na internet, em exibições na periferia, cineclubes, tudo. Os cinemas que são contabilizados são, na maior parte, os que estão nos shoppings. Então, o público que se encontra nesses locais não é exatamente aquele interessado em cinema político ou cinema de arte. Acho que o melhor do cinema brasileiro hoje está sendo apresentado em exposições na periferia e nos festivais.”

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