A esperança ganha outro olhar com Zelito Viana

Foto: Divulgação / Internet
Por Raquel Freitas

Para quem foi ao Cine PE no ano passado, na sua 15ª edição, o trailer exibido da Orquestra dos Meninos do Coque deixou na expectativa muitos espectadores. Tudo isso porque o vídeo de 10 minutos trazia em sua essência a história de vida dos garotos, como também a relação deles, quase que afetiva, com a música erudita. Conforme prometido, o produtor Alfredo Bertini e o diretor Zelito Viana apresentou na noite passada, no palco do Teatro Guararapes, o documentário Sons da Esperança. Em conversa com a Agenda Cultural do Recife, o diretor Zelito Viana fala da sua relação com o projeto Orquestra Cidadã e como o cinema pode contribuir na disseminação de projetos como esse.

A.C. - No ano passado, o Cine PE exibiu um trailer do que viria a ser o filme que será exibido hoje. Como é voltar para o festival com o trabalho completo?

Z.V. - Na verdade ali não foi propriamente um teaser, foi um resumo de umas coisas que tínhamos filmado. O filme não tem nada a ver com aquilo, não tem nenhum take daquele vídeo presente no filme. O filme foi concebido para ser um concerto em homenagem aos pais dos meninos do Coque. Então, no final do ano passado, em dezembro, resolvemos fazer o concerto. O filme é isto, a preparação deste concerto e o próprio evento.

A.C. - No ano passado, você declarou que gostaria de filmar mais o talento dos meninos para a música do que sobre a sistemática do projeto, bolsas de estudos, alimentação, enfim. Você conseguiu atingir este objetivo?

Z.V. - Consegui inteiramente. O meu objetivo era fazer um filme que tivesse uma diferença dos demais projetos sociais com a relação à música que tem pelo Brasil a fora. Tem muito projeto social, de inclusão social, usando Orquestra Sinfônica.  O diferencial deste projeto, na minha opinião, é que ele tem um nível musical bastante bom, bastante elevado. A minha dúvida, como eu não sou maestro, era reconhecer a qualidade musical, eu até chamei um maestro amigo meu para ouvir, e até ele atestou junto comigo que o nível é bem elevado, em relação ao nível de escolaridade deles. Cinco anos de violoncelo não é nada, o tempo de estudo é muito pouco, cinco anos para um instrumento de corda é muito pouco. Esses instrumentos são bem complicados, eles atingiram um nível muito elevado. Eu queria fazer isso para as pessoas esquecessem de onde eles vem.

A.C. - Num primeiro contato o projeto da orquestra Cidadã representou algo para você, seja pelo trabalho, pela idealização ou até mesmo pelo funcionamento. Depois das filmagens o projeto ganha, evidentemente, outra dimensão. Como você o avalia agora?

Z.V. - Eu aprendi muito com este projeto. É muito gratificante trabalhar com essa garotada, eles se entregam de uma maneira total ao projeto, é uma coisa muito bonita de você ver. É uma coisa contagiante, pra mim foi um grande prazer trabalhar e fazer esse filme.

A.C. - A música transformou a vida desses meninos. Como você acha que o cinema pode contribuir no percurso dessa história?

Z.V. - Eu espero que o cinema ajude a divulgar esse projeto. Eu quero que projetos como esse se multipliquem, e que mais gente possa dá um pouco de si, como é o caso de Luiz Targino [idealizador do projeto], para mudar o problema social no Brasil, que é a desigualdade. Eu vejo que com muito pouco você consegue fazer muito.

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