Editorial de maio de 2012: A arte tonifica

Por Manoel Constantino - editor

Há cerca de uma década e meia, o País começou a vivenciar outros parâmetros, outras medidas, os nossos olhares foram amplificados, assentados por um movimento coletivo, por um anseio cultivado que há muito tempo estava guardado e então, rompemos barreiras desaguando desejos, vontades, arregaçando mangas, mãos, braços, corações e mentes para uma nova construção.

As artes, de um modo geral, com suas peculiaridades, passaram a ser vivenciadas em vários recantos e instituições civis e também públicas pegaram um mote: a arte traz a inclusão social.  Os artistas, enquanto trabalhadores tanto quanto os outros, intensificam, solidificam lutas antigas, agora querendo conquistas concretas.  As leis de incentivo à cultura passam por outro crivo e nos meios acadêmicos tonificam a discussão sobre tais leis, a economia da cultura passa a ser pauta, cadeias produtivas das artes começam a ser desvendadas e o mundo inteiro compreende que a cultura é alavanca, mola propulsora de um novo tempo.

O acesso aos bens culturais é um direito de todos e todas. Bens culturais, material e imaterial. A arte popular, a arte erudita, a arte experimental saltam aos olhos, abrem comportas, pegam seus barcos e aprumam os seus lemes.

Há muito ainda ser construído. Lembramos-nos de uma mestra, Joana Lopes, que entre tantas coisas que construiu e constrói, nos faz lembrar que: “todos os homens são artistas, mas há homens que são artista por profissão”. Por escolha. Por opção. A Arte, já dizia Aristóteles, revela.  Questiona. Espelha. Acreditamos que nos faz trans-forma-dor(ES).

Recife possui, por sua própria natureza, talentos que são inconfundíveis, mundo a fora. Recife sopra arte, com seus rios e mar aberto, doa e recebe, abraça e põe à mesa cálice de vinhos maturados.  A arte que se constrói, a cada dia, que busca reinventar. Não somos os melhores do mundo, mas temos sabores artísticos peculiares. E a cada dia aprendemos novas formas de compartilhar.